: ESQUISSOS "Esquissos s�o rascunhos, s�o estudos sobre uma ideia. Esquissos porque nunca � um projecto acabado.". � assim que Tiago Bettencourt, vocalista, letrista e principal compositor, apresenta o primeiro disco do Toranja, banda que tenho acompanhado ao longo dos �ltimos dois anos, depois do mui interessante "single" de apresenta��o, "Fome (Nesse Sempre)", integrado no disco anual da Optimus, uma esp�cie de Selec��o de Esperan�as anual da m�sica nacional. Depois de entrar na quinta dezena de audi��es ao disco, confirmo a ideia inicial que o disco � uma pequena desilus�o, em rela��o ao que esperava, at� pelo que tenho visto ao vivo a banda. Parece-me que os Toranja s�o mais uma banda para se ver e ouvir ao vivo, do que no conforto do lar. � ineg�vel que Tiago � uma grande promessa nacional, como escritor de can��es - bel�ssimas letras, diga-se -, aliando a isso uma das mais interessantes vozes surgidas no nosso Pa�s nos �ltimos anos - e confirma-o neste disco, onde �, claramente, o elemento a destacar. Agora os adornos e arranjos feitos pelo resto da banda, tiram algum brilho as m�sicas, sobretudo alguns solos de guitarra excessivamente rock-fm que gravitam em algumas can��es, retirando bastante do encanto da composi��o original. No entanto, h� uma can��o lind�ssima neste disco: "Cada vez mais aqui", apenas com voz e piano de Tiago Bettencourt - que dificilmente se livrar� de compara��es a Jorge Palma -, as quais se podem juntar, num segundo patamar, mais duas ou tr�s can��es, nas quais se inclui o single "Cen�rio". Nota negativa para "Nada", antigamente denominada "Vem Rastejar", m�sica de culto aqui e em outros lares, ao longo do �ltimo ano. A vers�o que os Toranja fizeram destrui a beleza da antiga vers�o. O meu grande amigo Carlos Serra diz que os Toranja assassinaram a can��o - em parte, concordo. Aquela que poderia ser uma grande can��o, acaba por ser uma m�sica banal. � pena. Mas o disco pode, deve e merece ser ouvido. Entretanto, espero ansiosamente a chegada as minhas m�os do disco de Kafka - muito elogiado, ao que me disseram, pelo Nuno Calado, apesar do meu colega em "A Puta da Subjectividade", Pedro Gomes j� o ter ouvido e ter-me dito que n�o tinha gostado. Tamb�m tenho acompanhado esta banda ao longo dos �ltimos dois anos e os concertos que vi no �ltimo meio ano foram estrondosos. Recria��o do universo Murphiano, dos tempos do Bauhaus, cruzando-o com pitadas de Joy Division e Young Gods. Muitissimo interessante, numa banda coesa e instrumentalmente forte, que tem no seu vocalista "atormentado", uma fort�ssima imagem. Outro disco que me tarda em chegar � o best of de Mler Ife Dada, isto apesar da diva Anabela Duarte me ter avan�ado, quase em primeira m�o, as novissimas vers�es de Zuvi Zeva Novi e L'amour va (toujours) bien. Anabela Duarte �, na minha opini�o, sem sombra de d�vidas, a melhor voz de sempre deste Pa�s a beira mar plantado.
banda sonora: toranja - cada vez mais aqui "n�o dances t�o longe . que eu j� te vi ." . esta can��o vale o disco . � o seu principal "esquisso".
Via R�pida. Recuar no tempo, algures entre 1988 e 1989. Tinha doze anos e a televis�o, em Portugal, era est�tica e desinteressante. Ainda eram os tempos dos Luis Pereiras de Sousa e dos apresentadores que gostavam de mascar em seco. O skate era uma moda. Como foram, anos mais tarde, os patins em linha. Agora o que nunca ningu�m tinha visto era algu�m apresentar um programa televisivo a andar de skate. Eu vi e o Pa�s descolorido, no final dos 80, tamb�m viu, num ep�logo de tarde diferente. Era a Via R�pida desde a cinzenta Londres. O pontap� de sa�da do conceito de "televis�o em movimento", degenerado, anos mais tarde, por um cidad�o brasileiro e os seus macacos, macacas, cacos e cacas. Poucas semanas depois estava a jogar futebol com o homem da Via R�pida, que, por acaso, conhecia desde a inf�ncia em "bila mis�ria". M�tica futebolada no velho recinto do Parque de Vila do Conde, em que o �lvaro Costa a fazer exerc�cios de descompress�o matinal se cruzou com uma s�rie de putos, entre os 12 e os 13 anos. Primeiro convenceu o "ditador" Ac�cio a deixar-nos jogar � bola. Depois, jogou connosco. Lembro-me que marcou um ou mais golos. Por certo, o �lvaro j� n�o se lembra deste epis�dio. Eu nunca mais me esqueci - nem deste, nem do skate, nem de algumas manh�s e tardes junto � praia a discutir a actualidade futebolistica veraneante. � um prazer encostar-me aqui a um cantinho, nesta Via R�pida digital - d�cada e meia depois da outra - a que marcou o in�cio de uma pequena-grande revolu��o.
banda sonora: mesa . bel�ssimo disco de estreia da banda portuguesa . n�o trazem nada de particularmente novo - para al�m do facto de cantarem em portugu�s, o que � quase uma novidade neste tipo de m�sica -, mas � um trabalho bem feito, muito bem tocado e extremamente agrad�vel ao ouvido, sobretudo para estes dias de calor intenso . a voz da m�nica ferraz � um delicioso b�lsamo - e fico-me por aqui . o melhor � n�o dizer mais nada .