Radio Live Transmission:
Recordo um coment�rio ( sim, eu leio todos como se de sangue para as minhas veias se tratasse ) sobre respons�veis de editoras portuguesas e a morte da ind�stria.
O rock morreu. E n�o ser� mais um desfibrilhador, como de forma loquaz se pede, que ir� solucionar o problema. � preciso compaix�o e caridade para que a gan�ncia dos poderes estabelecidos possa continuar - saud�vel.
O ano zero deu-se com a r�dio. a ind�stria foi um acaso. ningu�m estava � espera que as massas aceitassem os discos como uma verdade t�o necess�ria como os livros. RCA e CBS. hoje em dia est�o t�o longe como roma antiga ou nietszche.
Quando olham para o monstro ou para o abismo est�o a contemplar o vosso interior. os ciclos fecham-se: a ind�stria n�o morreu, tomou apenas o controlo da r�deas do poder novamente. as gasolineiras do futuro chegaram.
o futuro transforma-nos em obsoletas pe�as de museu: remake / remodel. Ipod e nada de mediadores, nada de jornalistas, comentadores, lojistas, nada de estrelas. As r�dios ser�o o mundo novo onde a ordem mundial desfila em paradas magistrais. Onde a verdade � apresentada como absoluta.
Dance dance dance... to the radio. os novos revolucion�rios combatendo com os seus discos de vinil. imaculados, impolutos. por uma escapat�ria, por uma verdade diferente do estabelecido.
The Singer:
Aveiro. Este noite. Sons de Nick Cave na pra�a do peixe. saudade. Johnny Cash e Wanted Man. John Lee Hooker e o delta.
Como o rio negro e Saint Huck navega por entre a grande cidade... O sul e o blues. Born of the river!!!! Born of his never changing ever changing mercury waters....
Ou Elvis... O Rei nasceu em Tupelo. Negro. Como as florestas e os p�ntanos da fl�rida. O big beat do texas e a bad moon rising. Esta � a terra onde o fara� morreu.
Ou Berlin. Daqui � eternidade. os anjos e o desejo humano. a destrui��o. E nigu�m viu the carby go... the weeks flew by carrying on with the show...
Jack the Ripper... I gotta a woman, she rules my house with an iron fist ( yeah yeah yeah )... H� tanto tempo atr�s... Coliseu do Porto.
Did you forget this fuckin�singer so soon, did you forget my song?
Kick out the jams motherfucker!:
Este � um momento hist�rico. � o primeiro post como eu gostaria que todos tivessem sido: com muito �lcool e �s 4h30 da manh�.
Infelizmente n�o fui a Paredes de Coura. Lamento. Os MC5 s�o hoje uma miragem. Quem me conhece sabe que s�o o equivalente aos meus Rolling Stones a considerar que os Velvet Underground s�o os meus Beatles.
Os Stooges e Iggy Pop ( o meu pai espiritual ) s�o o novo testamento. Acho que os Mc5 s�o o maior falhan�o da hist�ria do rock: an ideal crash. No entanto, nada se perde, como Lavoisier.
Sun Ra; Anarquia e Kingsmen num s� movimento. Rock, drugs and fuckin in the streets is over.
Brothers and sisters... let�s see your hands in the air... Are you gonna be a part of the problem or are you gonna be a part of the solution?
Tenho estado atento �s atribula��es de Z� Maria. Tenho, tal qual voyeur, tenho bebido o sangue que jorra do ping pong entre "jornais", em que se vai relatando - em paragonas e manchetes - o inferno em que se tornou a vida do ex-concorrente.
Fa�o notar que tenho a irresist�vel fixa��o pelo p�ssimo, pelo obsceno, pelo vulgar....E, pela viuvinha e pelo orf�o todos t�m compaix�o - o que justifica ainda estarmos na europa...
Defeitos como a caridade, em suma, mas quem nunca os sentiu, que atire a primeira pedra.
Recordo "1984":
"Someday they won't let you, so now you must agree The times they are a-telling, and the changing isn't free You've read it in the tea leaves, and the tracks are on TV Beware the savage jaw Of 1984"
Cap. 2
Quando obteve o primeiro pr�mio naquela experi�ncia degradante intitulada "concurso", na altura acreditei que seria uma simp�tica vit�ria do underdog. Hoje tenho a opini�o de que foi cruel. Deveria ter sido desclassificado para seu pr�prio bem com base nos conceitos vigentes defendidos pelo macho dominante dentro da jaula, o kick-boxeur da colina do sol, de que "o Z� Maria n�o se integrava no grupo".
Achei soberbo o facto de pontap�s a mulheres serem not�cias de destaque ou que o primitivismo suburbano chegasse t�o alto...
A ponderar, "Big Brother":
"Someone to claim us, someone to follow Someone to shame us, some brave Apollo Someone to fool us, someone like you We want you Big Brother, Big Brother"
Cap. 3
Para todos os amantes da sociologia b�sica ou para os interessados na cota��o do infernal mercado de venda das almas ao diabo, recordo que foi interessante ver os passos que se seguiram. Programas sobre isto e aquilo, sobre viagens, sobre arranjar uma noiva para o nosso Z�, tal qual gado para o macho cobridor. Eram esses os melhores dias de toda uma vida ao som de "Sweet Thing":
"Boys, boys, its a sweet thing Boys, boys, its a sweet thing, sweet thing If you want it, boys, get it here, thing 'Cause hope, boys, is a cheap thing, cheap thing"
Cap. 4
Depois foi divertido ( divers�o s�dica, note-se) ver o papel de toda a trupe. O jet set vigente foi destronado at� ter o seu pr�prio Big Brother mas, antes que a Cinha Santanete chegasse, a revolu��o estava nas ruas e a ser televisionada, estava nos centros comerciais e nas feiras, nas revistas com perguntas de "ser� que estou gr�vida porque dormi com o meu c�o?" e no Expresso...
Estava em tua casa e na tua vida.
E eles vagueavam supremos quais estrelas rock. Tinham bares em discotecas da moda. Tinham lugar nos s�tios certos onde apenas as pessoas certas v�o. Reinavam na ponta de uma caneta em cada aut�grafo que davam. Mas, como em "Candidate":
"I'm having so much fun with the poisonous people Spreading rumours and lies and stories they made up Some make you sing and some make you scream One makes you wish that you'd never been seen But there's a shop on the corner that's selling papier mache Making bullet-proof faces, Charlie Manson, Cassius Clay If you want it, boys, get it here, thing"
Cap. 5
Depois foi sempre a cair. Foram investimentos e amigos e conhecidos e todos os parasitas da vila a desaparecer. A ascens�o e queda do Z� Povinho e as galinhas de Barrancos.
Mas precisamos sempre de mais porque insistem em sempre nos dar mais. Cobaia como Cobain, dan�ou-se ao som de Rebel Rebel, at� que acabou...
"You've torn your dress, your face is a mess You can't get enough, but enough ain't the test You've got your transmission and your live wire You got your cue line and a handful of ludes You wanna be there when they count up the dudes And I love your dress You're a juvenile success Because your face is a mess So how could they know? I said, how could they know?"
Cap. 6
� certo que os jornais de ontem s�o apenas papel velho. E os de hoje apenas papel s�o. A maldi��o do vampirismo � que sugaram Z� Maria at� o transformarem num deles.
Barrancos e os seus touros de morte est�o hoje mais longe do que o regresso � sanidade mental.
Not�cias de tentativas de su�cidio s�o comuns mas agora s�o apenas mais not�cias. Z� Maria est� morto, viva Z� Maria, afinal nunca existiu. � apenas pop pop pop just use it onde os vencedores perdem e os falhados ganham... Hail "We are the Dead":
"Something kind of hit me today I looked at you and wondered if you saw things my way People will hold us to blame It hit me today, it hit me today"
Coda
"This ain't rock'n'roll. This is genocide!"
Todas as refer�ncias a can��es: David Bowie - Diamond Dogs - RCA 1974.
It�s My Party and I Cry If I Want to....:
Mas n�o. Nada de l�grimas.
trinta e duas balas numa sexta feira treze. Little Richie Wolfman birthday. Bring On the Silver Bullets @ Caf� na Pra�a, tonight, com chaud rock n roll.
entrada livre para noite quente.
come, creatures of the night......ah ah ah ah hahhhhhhhhhhhh!!!!!!
No principio era o grunhir inumano. Era o rasgar do sil�ncio com a raiva de um awambapaloolaawambamboo!!! Era Rave On at� ao dia em que eu morra e a m�sica morreu e os avi�es caem. Eram os grandes rel�mpagos e a prima Myra de 13 anos e o piano pela janela. O Hotel de Cora��es destro�ados e Santo Elvis nos passos da cruz. Era primal, primata e prim�rio.
E as ondas do �ter eram livres do deus dinheiro. Porque o rock �n� roll era indigno, corrompe os jovens com o Beat.... E al�m do mais ningu�m acredita que v� durar...
Motins e os Poetas Beat. Cinema e o uivo e as m�os que constru�ram um continente on�rico. Para longe deste cinzento, destes pr�dios suburbanos, para longe de volta a casa.
Ep�logo
Alan Freed, framed pelo esc�ndalo da Payola. Alcoolismo e destrui��o para Freed. Ca�a �s bruxas. Dick Clark e o American Top Fourty. Dinero Dinheiro Money. F�bricas de Elvis desinfectados.
Momento de deslize Zen: Confucio disse ( porque � sempre o grande C. ) "Existem discos para ouvir, existem discos para dan�ar, existem discos para beber, existem discos para dar uma queca, existem discos para cantar e por vezes existem discos que reunem todas ou algumas dessas caracteristicas em simult�neo. � claro que discos-os-h� que n�o servem para qualquer uma dessas coisas - pelo menos de forma digna e composta. Explico: j� cantei, dancei, bebi, f***, ouvi certos discos em que estava com a minha racionalidade em segundo plano. Existem locais e momentos em que tudo � poss�vel e aquelas fotos s�o explic�veis por causa de eu ser muito jovem e precisar de dinheiro...."
Snow Patrol canta-se. Com aquela voz interior que nos cresce na garganta enquanto vamos apreendendo as palavras. Uns Coldplay para a classe oper�ria, uns Pink Floyd sem pompa escoceses. Ursos polares e renas para tr�s, esta Final Straw vive sublime rockin good. Can��es surf para ondas lentas no Rio Coura.
Snow Patrol - Final Straw - 2004 Polydor - Porduzido Garret Lee
Down by the Electric River:
Alguns dos meus discos favoritos vivem de espa�os. Espa�os entre instrumentos, tempos, entre palavras. Alguns dos meus discos favoritos aguentam-se na electricidade e flutuam. A Ghost Is Born � o terceiro disco dos Wilco que possuo e, at� ao momento, � de longe o meu favorito.
Se em Being There Jeff Tweedy estava acompanhado pela sombra de Gram Parsons e de um Ex�lio na Rua Principal, se em Yankee Hotel Foxtrot os postais da Am�rica eram desconstruidos pelo p�s-rock de Chicago e o fantasma na m�quina de Kid A aqui, em A Ghost Is Born os l�mures s�o outros.
Neil Young e solos de arame farpado. Como quando o r�dio est� com interfer�ncia mas faz a mais sublime das m�sicas. Pit�goras revisitado para uma nova ordem mundial. �picos como Hell is Chrome onde se sente o ritmo como o cantar do sangue nas veias. Kool thing messin� with the kids...
Wilco - A Ghost Is Born - 2004 Nonesuch - Produzido por Wilco e Jim O�Rourke
Procurem o "Born Sandy Devotional" para acompanhar o vosso ver�o. A par dos Go-Betweens - � direita, mais pop - e de Nick Cave - � esquerda, mais rock, os Triffids foram a terceira grande banda que a Austr�lia deu ao mundo.
Em 1985, em Londres, lan�aram um �lbum quase perfeito sobre suic�dio, perda, amor e saudade. Saudade da terra natal, saudade de dias passados, evocadas na foto da capa e nas palavras de David Mccomb que tra�am as dist�ncias das plan�cies, dos grandes espa�os e das liga��es entre pessoas.
Saudade sentida na m�sica onde as sombras dos Velvet, Dylan e Gram Parsons vagueiam como o Holand�s Voador.
A carreira de Mccomb foi curta - morte em 01 de Fevereiro de 1999 - mas em Born Sandy Devotional os Triffids chegaram ao patamar dos grandes discos do rock.
A anedota
P.S. Anos ap�s o fim dos Triffids, numa festa equivalente aos Grammys australianos, algu�m se lembrou de presentear os Triffids com o pr�mio carreira. Numa recep��o num casino, a par de toda a ind�stria musical - de smoking e vestidos de noite - est� uma mulher vestida com o uniforme de criada, a servir bebidas. Essa mulher chama-se Jill Birth e quando anunciam o pr�mio sobe ao palco para, merecidamente, o receber.
Jill Birth era teclista nos Triffids e, como todos n�s, tamb�m paga a sua renda, n�o ?
Se a quiserem conhecer melhor ou�am a faixa que encerra o Born Sandy Devotional: Tender Is The Night ( The Long Fidelity ) onde a sua voz � magn�fica de t�o delicada.
There�s a Riot Going On:
A minha participa��o neste blog, da qual muito me orgulho, obedece a princ�pios que eu entendo como basilares na minha conduta quer pessoal, quer profissional em todas as �reas em que estive / estou envolvido.
Um dos mais importantes e que maior relev�ncia ter� para o caso em concreto � bastante simples na sua f�rmula mas, por vezes, de dif�cil aceita��o / compreens�o quanto aos seus efeitos:
"N�o comentar algo de que n�o se gosta".
Para os interessados, explico. Aprendi, quando vendia discos que quando se est� a fazer um "trabalho de dedica��o"* o sucesso � maior quando se demonstra conhecimento e paix�o. O consumidor / interlocutor tem duas solu��es: rever-se ou n�o no que lhe � apresentado.
Assim, quando estive semanalmente no Zona N e tinha total liberdade para escolher os discos que levava - pois ningu�m me dava nada - eu apenas falava do que eu podia transmitir algo de interesse.
� critic�vel porque pode-se sempre apontar que se ele n�o gosta do disco ent�o n�o o d� a conhecer. Acho que mais vale correr esse risco - e os interessados irem � loja e formarem a sua pr�pria opini�o, o que � aninda mais relevante - do que estar a falar mal para alimentar o ego.
Nunca me revi na figura do cr�tico ou do "Velho do Restelo", do que nada faz mas sempre diz o proverbial "bem te disse".
Sempre procurei ser algu�m que, com conhecimento de causa, procura dar a conhecer quer um disco recente, quer um disco antigo perdido e faz�-lo de forma a dar vontade a que algu�m procure ouvir esse trabalho. A prop�sito dos Love, recordo que em 2002 vendi ( pela primeira vez em euros e quando j� n�o estava em lojas de discos ) o Forever Changes numa Feira de Discos ( em que o stand onde eu estava n�o tinha leitor de cds!!! ) apenas a falar sobre o disco... E essa venda - a �ltima at� hoje - foi das que mais orgulho me deu....
Nunca perdi tempo a "deitar abaixo" um disco, se bem que j� tive bastante vontade por vezes.
Por prazer pessoal, tenho o h�bito de, em conversa - especialmente com pessoas que conhe�o mal - questionar qual a banda favorita e depois procurar arranjar argumentos para a deitar abaixo. D�-me imenso gozo ver as pessoas a defender a sua dama com unhas e dentes.
Naturalmente, a raz�o deste post prende-se com a "garotice"** de alguns coment�rios. Quando, neste Pa�s de med�ocres, se entender que, em consci�ncia, se criticam ideias e n�o pessoas, que quem n�o gosta do que se faz aqui tem sempre a op��o de mudar e n�o o direito de se sentir ultrajado ou de ultrajar, ent�o a idiotice poderia diminuir.
Rock On Via R�pida....Rock On.
Pois � feito por Pessoas e para Pessoas. Com paix�o, por gosto, por vontade pr�pria.
Ricardo S. como na m�sica dos Little Feat
* grazie UB40
** obrigado Av� Oliveira - N.do A. "Garoto" � o pior insulto que se pode chamar a algu�m. semelhante a canalha, imaturo, d�bil e cobarde.
"Last Night on the fair, by the big wheel generator....:
a boy is stabbed, his money is grabbed...."
De volta ao escrit�rio em plena Santa Catarina ap�s reuni�o na C�mara Municipal do Porto, li o post do �lvaro e fiquei surpreendido pela coincid�ncia. O "marasmo portuense" actualmente assola todas as �reas de divulga��o e produ��o cultural. Tr�s palavras: N�o H� Dinheiro.
A citada reuni�o foi com Ilustres membros da Verea��o da Cultura e o tema era a realiza��o de uma Feira de Discos j� em agenda desde o final do ano passado.
As datas propostas pela CMP, porque �nicas a n�vel de disponibilidade do Mercado Ferreira Borges, eram coincidentes com a Feira Internacional de Discos de Lisboa.
Num pa�s pequeno ( o que n�o � sin�nimo de med�ocre como por vezes se pensa ) � r�diculo entrar em competi��es onde ningu�m pode ganhar. Assim, adia-se estrategicamente a iniciativa portuense para o pr�ximo ano, � partida em Fevereiro.
Sobre outras quest�es - e porque �s vezes sou um cavalheiro e n�o costumo kiss and tell em p�blico - n�o falo.
Existem coisas que me desagradam e bem sei que n�o h� dinheiro. Existem no entanto pessoas e vontade.Se n�o h� dinheiro deviam utilizar os meios, servi�os e estruturas existentes, de forma apoiada, gratuita ou, quando muito, com pre�os simb�licos. Mas....
P.S. A Feira prevista para o Porto ir� ser realizada em Pa�os de Ferreira. Ir� ser a primeira "Feira Pop" em Portugal e ser� apoiada pela respectiva C�mara Municipal.
Comics, cinema, roupas, tatuagens e muita m�sica: a ser falada, tocada, dan�ada e comprada.
Depois das dunas, guardem-se para 29, 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro. Esperem um dia de los muertos ao som de Cramps ou Legendary Tiger Man para ficar na hist�ria...